segunda-feira, fevereiro 28, 2005

Santa Sé e a Internet



Bartoon de Luís Afonso, In Público, 28/2/2005

sexta-feira, fevereiro 25, 2005

Sporting Vence em Roterdão

Em plena banheira de Roterdão, o Sporting dá um banho de bola ao Feyenoord (1—2 no jogo; 2-4 eliminatória). Há dias assim. Venha o Middlesbrough.




Que País é?

Esta tira do Bartoon já é velhinha. Foi publicada em Setembro do ano passado, aquando da polémica do barco da Women on Waves. Não perdeu, no entanto, a actualidade, agora que se volta a discutir o aborto. Até quando vamos continuar a discutir isto?


Bartoon de Luís Afonso, in Público de 07/09/2004.

quinta-feira, fevereiro 24, 2005

Neve em Iorque



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quarta-feira, fevereiro 23, 2005

I want to be your tampax

O título deste post é um simpático e original piropo, da autoria do príncipe Carlos e dirigido a Camilla Parker Bowles. Isto aconteceu no final dos anos 80, quando Carlos e Camilla ainda eram casados com Diana e Andrew Parker Bowles, e causou o choque da família real e dos britânicos em geral.

Afinal, dizer piropos às meninas é apanágio dos homens em geral. Nesta matéria não há diferenças de classes sociais. A diferença está na forma como as coisas soam e se dizem, e em quem as ouve. O piropo acima soa optimamente bem quando dito pelo príncipe Carlos; é simpático, original e tem até um certo charme. Mas se o mesmo piropo for dito, suponhamos, pelo mítico trolha português, já soa mal, torna-se brejeiro — imaginem um trolha do norte, "Oh filha, quero ser o teu tampom carago!"

Carlos e Camilla são o casal do momento aqui no Reino Unido. O anúncio do seu casamento causou estupefacção, mas, ao mesmo tempo, foi acolhido com simpatia pela generalidade dos britânicos. Não haja dúvidas quanto à autenticidade do amor destes dois. Se não se amassem verdadeiramente, não teriam chegado até aqui. Este foi sempre o amor proibido, indesejado, inconveniente.

Eu acho que este casamento de Carlos e Camilla é muito interessante. Primeiro, porque são um casal nos seus cinquentas; o que acho giro porque os casais da moda estão todos nos vintes ou trintas. Segundo, porque vejo-o como a vitória do amor e a verdade sobre a hipocrisia e a conveniência. O casamento de Carlos e Diana foi aquele que a família real inglesa e o mundo, em geral, queriam — a história de fadas que toda a gente gosta de ver. O casamento de Carlos e Camilla, por outro lado, é aquele que Carlos quer; isto é notável, pois, como toda a gente sabe, os príncipes raramente se casam com quem realmente querem. Enfim, um ar de modernidade nesta anacrónica e bolorenta monarquia — sinal do tempo que vivemos.

P.S.: Sou repúblicano convicto e não acompanho as histórias das celebridades. Só que acho este caso muito interessante.

P.S. 2: Se quiserem saber todos os detalhes deste piropo, introduzam os termos de busca, "Prince Charles tampax", no google.


terça-feira, fevereiro 22, 2005

Desminto, mas não completamente (II)

George W. Bush, hoje, numa conferência de imprensa em Bruxelas: "This notion that the United States is getting ready to attack Iran is simply ridiculous. Having said that, all options are on the table."

segunda-feira, fevereiro 21, 2005

Até que enfim!

Estou contente com o resultado das eleições! Foi uma grande vitória da esquerda. O PS venceu com maioria absoluta, o PCP obteve mais dois deputados do que nas últimas legislativas, e o BE mais do que duplicou o número de deputados eleitos — de três deputados passou para oito.

Estes resultados vêm legitimar a decisão de dissolver a assembleia da república por parte do PR. Santana Lopes tinha demonstrado não ser capaz de liderar um governo, a sua legitimidade democrática para o fazer era muito duvidosa, e, sobretudo, as pessoas já estavam fartas das trapalhadas do seu governo— e poderam, agora, expressar esse sentimento através do voto. Na minha opinião, o PS chega à maioria absoluta mais por demérito do adversário do que propriamente por mérito próprio.

Eu acho que estes resultados são muito positivos. Portugal pode agora sair do pântano governativo em que se havia afundado desde que Santana Lopes tomou posse. Agora podemos olhar em frente. Espero que este governo concretize projectos e reformas credíveis para a modernização de Portugal, seguindo aquilo que vem sido feito noutros paises europeus, nomeadamante,na vizinha Espanha.

domingo, fevereiro 20, 2005

O Aquecimento Global

O título deste post poderá não parecer o mais apropriado para o dia de hoje. É que lá fora neva, Iorque acordou pintada de branco, está uma lindíssima manhã de inverno. (A ver se arranjo umas fotografias para deixar aqui.) Mas, pensando bem, o título até nem é tão desapropriado assim. São manhãs como esta que estão ameaçadas pelo aquecimento global do planeta e que nós devemos tentar preservar. A verdade é que já não neva tanto em Iorque como há 20 anos atrás.

O Independent de ontem (aqui) traz boas notícias para todos aqueles que estão preocupados com o problema do Aquecimento Global e que defendem a implementação do protocolo de Quioto. A comunidade científica conseguiu demonstrar, segundo o Independent de forma inequívoca, aquilo que há muito se suspeitava e intuía: o problema do Aquecimento Global é causado pelo homem. Este novo facto tem enormes consequências políticas.

As anteriores demonstrações desta tese eram baseadas em modelos que tinham em conta a temperatura do ar. Estes modelos nunca conseguiram provar que as alterações climáticas, que o planeta sofreu ao longo dos últimos 40 anos, eram de facto causadas pelo problema do efeito de estufa (que, por sua vez, é causado pela poluição atmosférica) e não por um processo natural — "é que alterações climáticas", advogam os cépticos da tese, "estão sempre a ocorrer, trata-se de um fenómeno natural". Os novos modelos são baseados nas temperaturas dos oceanos, que são, segundo os especialistas, o grande motor do clima no nosso planeta, e que sofreram um aquecimentos enorme ao longo dos últimos 40 anos.

A tese foi demonstrada recorrendo a várias simulações informáticas. Uma primeira simulação tentava saber se o sistema climático, por si só e de forma natural, poderia ter provocado o aquecimento dos ocenos — a resposta foi não. Uma segunda simulação tentava saber se alterações solares ou vulcânicas poderiam ter causado o aquecimento — a resposta foi também não. Foi só quando os ciêntistas tomaram em conta o efeito de estufa que conseguiram explicar o aquecimento gradual e acentuado dos oceanos.

Isto deita por terra os argumentos dos cépticos do protocolo de Quioto. Nomeadamente, a administração de George W. Bush, que, até agora, se refugiava na tese "o aquecimento global é um fenómeno natural", para não ratificar o protocolo de Quioto. Portanto, já não há escapatória possível. A questão já não é, "Será que o aquecimento global do planeta é causado pelo homem?", mas sim, "o que é que vamos fazer para tratar este problema?"

sexta-feira, fevereiro 18, 2005

Querer e não poder

Estas eleições ficarão na minha memória com um sabor a desejo inconsumado. Vocês sabem ao que me refiro, aquele sentimento do querer e não poder. Não me interpretem mal, o meu problema não é sexual, mas sim político.

Deixem-me que vos explique o meu problema. Estou a viver no estrangeiro, mas ao olhos do estado português, no que a residência e votos diz respeito, resido em Portugal. Como tal, pura e simplesmente não posso votar nestas eleições, a menos que me desloque a Portugal para o fazer. O estado português é implacável nestas matérias!

No último natal, estive em Portugal. E já sentia este desejo, esta ânsia, esta vontade, de contribuir para que as coisas em Portugal mudem, e que melhor contribuição posso eu dar, como cidadão desse país chamado Portugal, do que votar.

Como bom cidadão civilizado decidi reagir. De imediato enviei um email para a CNE (comissão nacional de eleições), na esperaça de ainda ser possível fazer alguma coisa, na esperança de ser compreendido, na esperança de ainda poder votar. Contei-lhes o meu problema, mas a resposta foi uma desilusão:

Exmo Senhor,

Na sequência da questão formulada, cumpre informar que, o direito de voto é exercido presencial e pessoalmente pelo eleitor na respectiva assembleia de voto no dia da eleição, e, nesse sentido, não é admitida nenhuma forma de representação ou delegação, bem como, não é permitido o voto por correspondência para os recenseados no território nacional.

A situação que coloca não se enquadra no critério excepcional do voto antecipado (exercido antes do dia da eleição) (...)

Assim sendo, não existindo qualquer outra excepção prevista na legislação aplicável à eleição, resta, apenas, a alternativa do exercício do direito de voto na freguesia em que se encontra actualmente recenseado, no dia da eleição. Por outro lado, mesmo que pretendesse inscrever-se no Consulado teria que fazer prova da sua residência, e mesmo que o fizesse o processo de inscrição ou transferência no recenseamento suspende 60 dias antes do acto eleitoral, ou seja, suspendeu no dia 21 de Dezembro de 2004.

Estarei disponível para qualquer esclarecimento que se julgue necessário.

Com os melhores cumprimentos,

<>André Figueiredo
Gabinete Jurídico da CNE
Fiquei desolado, havia perdido a esperança. Pensei, mas quantos portugueses haverá como eu, neste mundo de hoje, inevitavelmente globalizado. Mas por é que temos que estar todo em Portugal para votar? Já não chega o Natal e o meu querido Agosto?

Foi-se a esperança, mas não a vontade. O desejo, esse, arde incessantemente dentro de mim. Sinto-me impotente. Quero fazer alguma coisa para que as coisas mudem, para que tudo não fique eternamente na mesma. Quero que Portugal tenha um primeiro-ministro que saiba representar condignamente os portugueses, que tenha uma visão daquilo que deve ser o país, com uma estratégia bem delineada para melhorar Portugal no plano económico e social. Quero que Portugal tenha uma lei de aborto, para que as mulheres possam ter o direito de escolha, e isto não é apenas a lei do aborto que está em causa, é, também, o princípio que qualquer pessoa deve ter o direito de livre escolha. Quero que se faça em Portugal uma efectiva descentralização, seguindo o princípio de que os centros de decisão devem estar mais perto das pessoas e dos seus problemas. Quero deputados que sejam verdadeiros representantes do povo que os elegeu, e não esta perversão da democracia que temos em Portugal, em que os deputados são escravos de um partido. Quero que Portugal seja um país moderno, civilizado e justo. Quero as pessoas certas nos lugares certos, com nomeações para cargos de responsabilidade feita com base em critérios de competência e sem ser corrompido pelo chamado jogo de influências, como sempre acontece — Ahhhhh, e eu que não posso fazer nada, se ao menos pudesse votar.

Mas vocês compreendem-me? Isto é terrível. Vou aos sítios de viagens, vejo o preços dos bilhetes. Até já pensei em voar com a RyanAir para o Porto, e daí ir de comboio para Lisboa. Mas é cansativo, é caro, não tenho tempo nem verba.

Os que me lêem e vão votar, façam-no com convicção. Não quero convencer ninguém, mas apenas expressar, aqui, a minha opinião. O PS, ao que tudo indica, irá vencer as eleições (aqui). Menos mal, é concerteza muito melhor que a situação actual, ou que um futuro governo liderado por Santana e legitimado democraticamente. Mas eu já não sou inocentezinho ao ponto de confiar inteiramente no PS. Quero mais reformas. Para aqueles que, como eu, querem mais reformas, para que Portugal possa atingir uma plataforma mínima de modernindade, a única forma de as garantir será votando no BE — o único partido que pode ser o catalisador da mudança num governo PS. Como diz o Miguel Esteves Cardoso, num artigo de opinião da revista sábado:
«É esse atraso – e o facto de o Bloco de Esquerda estar empenhado, nas actuais circunstâncias, em partir pedra multissecular para alcançar os mínimos modernos dessa dignidade – que me leva a recomendar que qualquer pessoa de direita que esteja momentaneamente desencantada com os partidos que procuram representá-la não hesite em votar no Bloco, se a alternativa for abster-se ou votar em branco. Por agora – mas só por agora...! – faz todo o sentido.»
Ai, como é fodido querer e não poder! Mas vocês compreendem-me?

quinta-feira, fevereiro 17, 2005

Desminto, mas não completamente

Esta campanha das legislativas de 2005, ficará para história como a primeira, desde o pós 25 de abril, em que houve um recurso sistemático ao chamado jogo sujo — ou seja, toda uma campanha de insinuações, boatos, insídia, e ataques pessoais.

Se esta foi uma estratégia deliberada do PSD ou não, é a questão que fica no ar. Santana Lopes, no debate televisivo com José Socrates, quando confrontado com esta questão, a princípio parece que desmente —

Santana voltou a negar ter feito "insinuações", insistiu no argumento de que ele é próprio é vitima de boatos "há 20 anos", garantiu que não é homofóbico ("tenho amigos homossexuais") e explicou que quando disse que Sócrates tinha "outros colos" se referia a empresas de sondagens ("[Sócrates] tem sido levado ao colo por sectores da vida política, nomeadamente empresas de sondagens") . (In Público, 4/2/2005)


—, mas acaba por não desmentir completamente, deixando a dúvida no ar:

Refutou, por outro lado, que uma campanha negativa seja um exclusivo de Portugal — "acontece nos Estados Unidos, na Espanha, na generalidade dos países europeus". (In Público, 4/2/2005)

A tese de Nuno Guerreiro, do Blogue Rua da Judiaria, é que jogo sujo foi mesmo uma estratégia deliberada do PSD, inspirada nas campanhas eleitorais dos EUA, que têm sido sempre pródigas em ataques pessoais entre os candidatos a presidente, e, muito em particular, no mais recente duelo eleitoral entre Bush e Kerry, aonde os ataques pessoais de parte a parte, com alusões à vida privada do adversário, eram feitos de uma forma completamente despudorada (aqui).

O homem pode não ganhar as eleições, mas ficará concerteza para a história. Santana Lopes acaba por cunhar uma variação do famoso "não confirmo nem desminto" da nossa gíria futebolística: o desminto, mas não completamente.

quarta-feira, fevereiro 16, 2005

Por uma questão de Fé



Bartoon do Luís Afonso, in Público de 16/2/2005.

terça-feira, fevereiro 15, 2005

Revista de Imprensa e Blogosfera

A morte da irmã Lúcia é assunto do momento. Muitos se questionam sobre as horas de estado dadas à sua morte, é que outras personalidades de destaque, como Maria de Lurdes Pintassilgo (que até foi primeira-ministra), não tiveram o mesmo tratamento (aqui). A suspensão das actividades de campanha eleitoral devido ao falecimento da irmã Lúcia, por parte do PSD e CDS/PP, nem merece comentário por parte da generalidade dos intervenientes políticos, é que nem mesmo Amália, que morreu aquando de uma campanha eleitoral para as legislativas e cuja morte teve obviamente honras de estado, causou o cancelamento da campanha eleitoral (aqui).

Ainda sobre a irmã Lúcia, há um excelente post do Rui Tavares no Barnabé sobre a vida desta (pobre) mulher.

Outro excelente post, também no Barnabé, é o de Celso Martins, sobre a imparcialidade da imprensa face à campanha de boatos que tem vindo a caracterizar esta campanha eleitoral.

segunda-feira, fevereiro 14, 2005

Parabéns André!

Hoje é o dia de aniversário do meu irmão, que é o único leitor, até agora e pelo menos que eu saiba, do meu Blogue, que tem apenas 3 dias — Parabéns André, feliz aniversário e um grande abraço.

Como já devem ter reparado, o André faz anos no dia de São Valentim que é uma data muito romântica para se nascer. Nascer no dia de São Valentim é optimo porque causa sempre uma boa imprensão com as meninas. Elas perguntam, "Quando é que fazes anos?", ele responde "É no dia 14 de Fevereiro.", elas de imediato reagem "Ah! mas isso é o dia dos namorados, olha que giro!" Pronto já está.

domingo, fevereiro 13, 2005

Viagens e Lugar Romântico

O Independent de ontem (12/2/2005) fez uma selecção dos 50 melhores locais para um encontro romântico na Europa. Um desses locais é em Portugal: O Convento de São Saturnino, perto de Sintra. Este local, aparentemente muito romântico, é um edifício do século XII que foi transformado em Hotel, o artigo refere que a transformação para hotel foi feita com muito bom gosto. (Fica então a sugestão. As diárias são um pouco onerosas, 145 €, a qualidade paga-se como se sabe. Eu, pelo menos para já, não tenho verba para ir lá. Fica para uma ocasião especial, como, por exemplo, quando eu e a Chiara acabarmos este martírio chamado doutoramento.)


A outra sugestão do Independent (suplemento Traveller) que nos agradou muito foi a serra Aracena, que fica na Fronteira da Espanha com Portugal, na Andaluzia. Este local já nos tinha chamado a atenção quando passamos por lá na nossa última viagem de Lisboa a Sevilha para passar ano novo, a paisagem era lindíssima. Agora, após a sugestão do Independent, o desejo por conhecer este local aumenta.Segundo o artigo daquele Jornal, a Sierra Aracena foi declarada como parque natural em Espanha há já 16 anos, lá podem-se fazer caminhadas, aproveitando a beleza da paisagem natural, visitar aldeias remotas, ruínas de mesquitas e igrejas mediaveis.

sábado, fevereiro 12, 2005

O Consumidor Ético

O jornal inglês "Independent" de hoje fala de um dilema que aflige os consumidores éticos britânicos. Antes de ir ao dilema, primeiro é importante esclarecer o conceito, consumidores éticos são todos aqueles que se guiam por considerações éticas quando efectuam as suas compras. Por exemplo, se o producto for comida, factores a ter em conta serão: se o produto é biológico ou não, se o producto é de origem local, o impacto ambiental da produção do produto, e, no caso de produtos provenientes do terceiro mundo (como o café), se os produtores foram pagos justamente sem terem sido explorados (o conceito de fair trade). Mas a escolha não é mesmo nada simples, e os grandes supermercados, por vezes, exploram comercialmente a boa vontade do consumidor ético, nomeadamente nos produtos biológicos que agora estão muito moda.

O dilema que falava o artigo do "Independent" chama-se: A milhagem da comida. Por exemplo, o consumidor vai ao supermercado e quer comprar um determinado produto, de um lado está um produto britânico não-biológico, do outro está o mesmo produto mas biológico e proveniente de um país da África meridional. A tentação do consumidor ético é levar o biológico para casa, embora seja um pouco mais caro, este produto é mais saudável e não foi produzido com pesticidas, que, come toda a gente sabe, são nocivos para o ambiente. Mas aquilo que o consumidor ético se esquece de ter em conta é, precisamente, a milhagem da comida: o produto africano teve de ser transportado de avião desde a África meridional; este transporte causa enormes emissões de CO2 (Dióxido de Carbono) para a atmosfera. Portanto, o produto biológico acaba por ser mais poluente do que o produto não biológico de proveniência local.

Pronto, agora sei que tenho que ter em conta a "milhagem da comida". Mas a questão não acaba aqui. Vamos supor que o produto provém de Moçambique, um dos países mais pobres do mundo. O consumidor ético que teima em levar o produto biológico dirá: comprando este produto não só estou a incentivar a agricultura biológica como, também, estou a ajudar um país pobre. Se o produto tiver o selo de "fair-trade", isso faz este argumento ainda mais forte.

Bom, "a moral deste conto vou resumi-la e pronto". Como é óbvio, a decisão do consumidor ético não é fácil. Escolher sempre o produto biológico nem sempre é a escolha mais correcta, como o exemplo acima demonstra. A agricultura biológica começa a ser um produto explorado comercialmente, devido à sua popularidade. Na minha opinião, é importante incentivar a agricultura biológica, mas é também importante garantir que os produtos provenientes de regiões remotas do globo, e que se encontram à venda nos supermercados, não sejam produzidos localmente. Não faz sentido transportar cenouras de Moçambique só porque são orgânicas, quando existe tanta cenoura em Portugal ou Espanha. Por outro lado, frutas tropicais, por exemplo, já faz todo o sentido, porque não temos possibilidade de produzir muita fruta tropical em Portugal ou Espanha.

sexta-feira, fevereiro 11, 2005

São sempre os mesmos

Para abrir os comentários políticos!

Gostei muito do artigo de opinião do Miguel Sousa Tavares no Público de hoje. Na verdade, o artigo não faz mais do que citar a entrevista que Octávio Teixeira, antigo deputado do PCP, deu ao DN. Mas eu gostei. Para quê lançar novos assuntos se naquela entrevista há tanta coisa interessante?

Gosto da parte do investidor suiço. É incrível, como em Portugal, os interesses económicos, nomeadamente da construção cívil, conseguem facilmente exercer a sua influência. Até num jornal conceituado como o Público, que, muito provavelmente, é o jornal com a base de leitores mais exigente de Portugal, aquela notícia ridícula foi publicada. O mais incrível é que o repórter não teve a preocupação de fazer uma investigação mínima para saber a razão pela qual o projecto urbanístico estava bloqueado.

Em Portugal é assim, quem não tem muita razão para grandes queixumes sempre encontra uma forma de o fazer. Os que realmente sofrem e que precisam que alguém da imprensa dê visbilidade aos seus problemas, coitados, não têm acesso aos círculos de influência e mantêm-se calados. Assim foram habituados desde os tempos da ditadura — "Tu aguenta-te!". Os políticos também não se interessam muito, fogem dos problemas reais como o diabo da cruz, preferem sonhar com as grandes obras. Eu acho que temos que ser menos silenciosos e mais interventivos, se há alguma coisa que nos preocupa é melhor dizer do que ficar calado. Já ando farto desta treta da diplomacia, do politicamente correcto e do "não digas nada senão queimas-te!". Se diplomacia é sinónimo de silêncio, então eu não quero ser diplomático!

Criámos um Blogue

Decidimos criar um Blogue. Que emoção!

Somos dois estudantes de doutoramento em Iorque, Inglaterra. Para combater o tédio, criámos este Blogue. Para todos aqueles que nos lêem (que não devem ser muitos) aqui poderão encontrar informação sobre aquilo que vamos fazendo com as nossas vidas, e as nossas opiniões sobre o que se passa à nossa volta.

Para escrever aqui vamos utilizar as nossas línguas maternas, o Português (eu, Nuno) e o Italiano (Chiara), e de vez em quando o Inglês.

Esperemos que gostem e que vão dizendo coisas.

Um grande abraço,