quinta-feira, fevereiro 17, 2005

Desminto, mas não completamente

Esta campanha das legislativas de 2005, ficará para história como a primeira, desde o pós 25 de abril, em que houve um recurso sistemático ao chamado jogo sujo — ou seja, toda uma campanha de insinuações, boatos, insídia, e ataques pessoais.

Se esta foi uma estratégia deliberada do PSD ou não, é a questão que fica no ar. Santana Lopes, no debate televisivo com José Socrates, quando confrontado com esta questão, a princípio parece que desmente —

Santana voltou a negar ter feito "insinuações", insistiu no argumento de que ele é próprio é vitima de boatos "há 20 anos", garantiu que não é homofóbico ("tenho amigos homossexuais") e explicou que quando disse que Sócrates tinha "outros colos" se referia a empresas de sondagens ("[Sócrates] tem sido levado ao colo por sectores da vida política, nomeadamente empresas de sondagens") . (In Público, 4/2/2005)


—, mas acaba por não desmentir completamente, deixando a dúvida no ar:

Refutou, por outro lado, que uma campanha negativa seja um exclusivo de Portugal — "acontece nos Estados Unidos, na Espanha, na generalidade dos países europeus". (In Público, 4/2/2005)

A tese de Nuno Guerreiro, do Blogue Rua da Judiaria, é que jogo sujo foi mesmo uma estratégia deliberada do PSD, inspirada nas campanhas eleitorais dos EUA, que têm sido sempre pródigas em ataques pessoais entre os candidatos a presidente, e, muito em particular, no mais recente duelo eleitoral entre Bush e Kerry, aonde os ataques pessoais de parte a parte, com alusões à vida privada do adversário, eram feitos de uma forma completamente despudorada (aqui).

O homem pode não ganhar as eleições, mas ficará concerteza para a história. Santana Lopes acaba por cunhar uma variação do famoso "não confirmo nem desminto" da nossa gíria futebolística: o desminto, mas não completamente.