domingo, janeiro 29, 2006

A minha fezada confirmou-se

No post "A treta do intelligent design" afirmei que acreditava que o Sporting iria vencer o Benfica nessa noite, que era uma convicção profunda minha, uma fezada. (Adiantei até que acredito que o Sporting vá vencer o campeonato.) E não é que o Sporting ganhou mesmo! Com uma exibição de gala, o Sporting derrota o Benfica em plena luz, por 1-3. O levezinho voltou a fazer das suas.

sábado, janeiro 28, 2006

A treta do Intelligent design

O intelligent design é apresentada como uma teoria ciêntífica, alternativa à teoria evolucionista de Charles Darwin. A teoria evolucionista diz que as espécies do nosso planeta evoluiram ao longo de milhares de anos num processo contínuo de mutação e selecção natural. Esta teoria consegue explicar, nas palavras do biólogo Richard Dawkins, autor do livro Selfish Gene, "a origem de 99% das espécies do nosso planeta".

É precisamente neste 1% que resta que os defensores do intelligent design pegam. Segundo eles, algumas espécies não podem ter chegado ao estado actual por um processo evolucionista. Portanto: terá havido uma espécie de inteligência envolvida no desenho desta espécies.

Isto é uma treta e tem, obviamente, motivações religiosas. Para avançar com uma hipótese destas, e anunciar uma teoria científica baseada nesta hipótese é preciso mais do que "como não se consegue explicar a evolução de uma espécie então é porque alguém a desenhou". Apetece mesmo perguntar: "Ai sim, então quem?" Os ciêntistas do intelligent design, que, por acaso, até são todos religiosos, dizem que o agente responsável não pode ser observado. No fundo respondem qualquer coisa como: "É pá, eu não tenho a certeza, mas, para além de cientista sou um homem de profundas convicções religiosas, e, é pá, acredito que terá sido Deus." Pronto. Eu também acredito que o Sporting vai ser campeão este ano e que vai ganhar esta noite ao Benfica. Tenho convicções profundas de que isto poderá acontecer. Direi mesmo fé, ou, melhor, fezada.

Darwin não se limitou a apresentar a sua teoria da evolução, apresentou também alguma evidência para a suportar.

PS: O intelligent design está proibido de ser ensinado nas escolas públicas estado-unidenses. Esta teoria foi classifica por um tribunal como uma outra forma de criacionismo que é a teoria para a origem do mundo que vem descrita na biblia.

Teresa e Lena

Muito muito interessante e positivo o caso das duas portuguesa, Teresa e Lena, que pretendem casar (aqui). Na próxima quarta-feira, dirigem-se a uma conservatória de Lisboa, acompanhadas do seu advogado, para tentar casar. Um direito que, alegam elas, lhes é conferido pela constituição portuguesa.

Já tem sido amplamente discutida a ambiguidade entre a constituição e o código cívil nesta matéria. E portanto, o código civil tem sido, nesta matéria, classificado por muitos como inconstitucional. A inconsistência é clarríssima, e, (embora não sendo jurista) a inconstitucionalidade também me parece existir. A página do ILGA portugal, refere, como argumentário da sua petição a antregar na assembleia da república, o seguinte:
Em Portugal, o Artigo 36º da Constituição refere que "Todos têm o direito de constituir família e de contrair casamento em condições de plena igualdade." Mais: A Constituição da República Portuguesa proíbe explicitamente, desde 2004, a discriminação com base na orientação sexual (Artigo 13º). No entanto, o casamento civil continua a existir exclusivamente para casais constituídos por pessoas de sexos diferentes, numa clara violação da Constituição – que é a nossa Lei Fundamental.
O artigo 1577 do Código Civil define o casamento como "o contrato celebrado entre duas pessoas de sexo diferente que pretendem constituir família mediante uma plena comunhão de vida".

Vamos ver no que isto vai dar. O caso já ganhou a atenção dos média, o que já é uma vitória.

PS: O advogado de Teresa e Lena, Luis Grave Rodrigues tem um blogue.

domingo, janeiro 22, 2006

E assim foi...

"Amanhã lá estarei, para votar à esquerda eheh. Receio, todavia, que os jornais da TV abram todos às 19h00 com as sondagens à boca das urnas: "Boa noite. Cavaco Silva é o novo Presidente de Portugal, de acordo com as previsões da...."
Estou quase certo disto, e sinceramente sinto alguma desilusão com a fragmentação parva da esquerda nestas eleições."

Milan, comentando o post "Todos menos o Cavaco, mãe".

sexta-feira, janeiro 20, 2006

"Todos menos o Cavaco, mãe"

Ainda tenho algumas horas. Tenho que fazer alguma coisa. Se ao menos pudesse votar, mas não posso. O meu pai é um caso perdido. Mas a minha mãe... É isso a minha mãe. Está decido: hoje à noite telefono à minha mãe e pergunto-lhe em quem vai votar; se ela responder "Cavaco", reprimo-a, digo-lhe que é uma péssima escolha, e tento convence-la a não votar nele, "todos menos o Cavaco, mãe."

A minha mãe é fixe. Costuma votar nos partidos de esquerda, como o PCP. Mas ultimamente, tem descarrilado para a direita. Diz que "já anda farta destes gajos de esquerda, que são muito arrogantes, e por isso está a pensar em votar Cavaco." Estes gajos da esquerda, sou eu e o meu irmão.

Que argumentos devo utilizar? Posso começar pela muito propalada formação académica do Professor Cavaco que é doutorado em Economia pela Universidade Iorque. Assim: "Mãe, sabendo o que eu sei da Universidade de Iorque, dos doutorados de Iorque, e dos doutorados em geral... Eu sei que isto até pode paracer contraditório, pois espero vir a tornar-me num deles. Mas, eu, nunca votaria, para um cargo importante como a presidência da república, num candidato que é doutorado da Universidade de Iorque. Pior ainda: se ele for doutorado em Economia. Acredita em mim, mãe, eu sei o que estou a dizer."

Mais argumentos. Cavaco diz que os seus amigos dizem que "ele tem um sentido de humor britânico, se calhar porque viveu em Inglaterra". Os amigos do professor Cavaco são uns queridos. Mas convém dizer que o humor britânico, embora extremamente súbtil, tem graça. E Cavaco não tem graça absolutamente nenhuma. A única coisa britânica em Cavaco é o cinismo.

Tenho alguma esperança. No caminho para o aeroporto, há duas semana atrás, a minha mãe disse, olhando para um cartaz de campanha, "O Candidato que eu acho mais simpático ainda é o Jerónimo." É isso, mãe, no Jerónimo é que é. Não diz nada de jeito, mas pronto, lá simpático é. O importante é não votar Cavaco.

domingo, janeiro 15, 2006

O outro lado do made in China

Hoje, os produtos feitos na China abundam nas lojas da Europa. Devido ao seu baixo preço, roupas, brinquedos e produtos electrónicos têm grande aceitação entre os consumidores europeus. Como resultado disto, a China é a economia que mais cresce no mundo, tendo mesmo ultrapassado o Reino Unido e sendo agora a quarta economia mundial.

Mas aquilo que não se sabe é a realidade que estás por detrás deste crescimento económico acelarado, bem como as suas consequências. O Independent dedicou a sua edição de ontem às condições miseráveis dos operários chineses:

Clothes and toys on sale in Britain's high streets are made by Chinese workers forced to endure illegal, exhausting and dangerous conditions, according to a new study. It will increase the pressure on retailers to monitor the conditions in which their products are made.

A three-year investigation into booming export factories for companies such as Marks & Spencer and Ikea discovered the human cost of China's "economic miracle". It found an army of powerless rural migrants toiling up to 14 hours a day, almost every day. Many were allowed just one day off a month and paid less than £50 a month for shifts that breached Chinese law and International Labour Organisation rules. Despite evidence of the shocking working conditions, cheap clothes, toys and increasingly electronic goods from the sweatshops are on sale in British shops with household names, including those with ethical buying policies.

Ainda segundo este artigo, na China os sindicatos independentes do partido oficial (o comunista) estão proibidos. Os operários trabalham em desrespeito pelas regras minimas de segurança no trabalho, ganham em média cerca de 40 euros por mês, e morrem frequentemente de exaustão ou acidentes de trabalho.

A consequência disto é que os produtos made in China impedem os países em desenvolvimento de crescer, e contribuem para o desemprego em muitos países da Europa, como Portugal. A verdade é esta: é impossível competir com as empresas chinesas, pois as suas condições de trabalho estão quase ao nível do trabalho escravo. E isto é mais uma prova de que o nosso mundo, inevitavelmente global, precisa não apenas do comércio livre, mas também de comércio mais justo.

E por isto tudo, caro leitor, antes de comprar uma peça de roupa ou brinquedo made in china, pense duas vezes. E porque não tornar-se um consumidor ético? Nós, consumidores, todos juntos, temos o poder de alterar o comportamento das empresas. Afinal, que tipo de mundo queremos: um mundo sem regras baseado na exploração das pessoas, ou um mundo mais justo e com menos desigualdade?

Padrões Islâmicos

De volta a Iorque, mas ainda com a viagem a Granada fresca na memória. Uma das coisas mais bonitas da Alhambra em Granda, e da arquitectura e arte islâmica em geral, são os padrões decorativos. Na Alhambra, estes padrões, inscritos em azulejos, estão espalhados pelas paredes e tectos dos edifícios, criando um ambiento verdadeiramento belo. Deixo aqui alguns dos belíssimos padrões islâmicos da Alhambra.