domingo, novembro 27, 2005

Firefox um browser mais leve e seguro

Os problemas de segurança com o Microsoft Internet Explorer (IE) não param. A mesma história repete-se continuamente há já alguns anos: (a) encontra-se uma vulnerabilidade na segurança do IE; (b) a Microsoft corrige o problem e distribui a correcção (patch). A último vulnerabilidade de segurança foi anunciada pela Microsoft no passado dia 21, e até agora o problema ainda não foi corrigido.

A solução é mesmo mudar de browser. Eu mudei para o Firefox, há praí um ano, e recomendo-o. A grande vantagem do Firefox é que tem uma arquitectura que foi pensada para a segurança na Internet, tornando-o menos vulnerável. A realidade é que são encontradas menos vulnerabilidades no Firefox do que no IE; por exemplo, o Firefox não apresenta o problema mencionado acima. O Firefox é também mais leve: mais rápido e ocupa menos espaço nos disco rígido. Entre outras coisas, o Firefox permite uma melhor gestão de plugins, e das chamadas janelas popup (aquelas janelas irritantes com publicidade que proliferam quando se visitam certos sítios). Experimentem, vão ver que vão gostar.

O Firefox é gratis e open-source. Podem-no baixar e instalar nas vossas máquinas a partir daqui:

Get Firefox!

A retirada dos crucifixos

Após exposição da associação república e laicidade, o ministério da educação manda retirar crucifixos das salas de aula. Portugal é um estado laico, portanto não faz sentido que nas escolas do estado sejam afixados símbolos religiosos. A presença de tais símbolos viola a constituição e a lei de liberdade religiosa. Esta ordem do ministério da educação simplesmente repõe a legalidade.

sábado, novembro 26, 2005

Sobre a influência política da Igreja

Vasco Pulido Valente manifestou ontem no Público a sua opinião sobre a decisão do vaticano de proibir a ordenação de padres homossexuais e a discussão que se levantou sobre esta matéria na semana passada em Portugal. Vasco Pulido Valente escreve:

(...) A Igreja, se goza ainda de certos privilégios, já não domina a política e a sociedade em Portugal. O que ela aprova ou desaprova já não determina ou influencia ninguém, ou quase ninguém. É uma entidade privada, com a sua lei e os seus fiéis, que aceitou cordatamente o "semiliberalismo" do regime e não incomoda ou se tenta impor ao cidadão comum.


Isto é verdade só até certo ponto. A realidade é que a igreja católica continua a ter muita influência política. Especialmente, como diz Miguel Vale de Almeida, quando a igreja dita um certo moralismo na sociedade que os seus fieis passam a seguir como dogma; exemplo: o direito à vida. Não sejamos inocentes, como o referendo do aborto de 1998 veio demonstrar, a Igreja ainda tem em Portugal uma influência enorme. E não é só em Portugal. Em Itália, num recente referendo sobre fecundação assistida, a igreja apelou aos seus fieis para não votarem no referendo; da última vez que me desloquei a Itália encontrei numa igreja o cartaz que está na foto (diz: "a vida não pode ser votada"). A verdade é que lei colocada em referendo não foi aprovada por um número suficiente de votos; segundo os analistas, isto não teve exclusiviamente a ver com o apelo da igreja em Itália, mas a verdade é que a sua influência.


O que a igreja "aprova ou desaprova já não determina ou influencia ninguém, ou quase ninguém" — yeah right!

quinta-feira, novembro 24, 2005

Piled Higher Deeper (PhD)

This is Chiara and her PhD (click to enlarge).



You can find more of this stuff here.

terça-feira, novembro 22, 2005

Sobre o Plano Tecnológico

O Público abriu um blogue para fomentar a discussão na blogosfera sobre o plano tecnológico do governo. Aqui fica a minha contribução:
  1. Segundo notícia do Público de hoje há um pacto de silêncio entre o governo e as associações empresariais até à aprovação do plano tecnológico pelo governo. Mas porquê? Se este plano é assim tão importante, não tem o governo o dever de nos informar sobre o assunto? Para quê silenciar o debate? Aqui no Reino Unido, quando há uma medidade importante do governo a aprovar, como foi pacote legislativo anti-terrorista, os governantes são incansáveis em dar esclarecimentos à imprensa, e disponibilizam-se para o debate. Eu, pessoalmente, gostaria de saber quais são as divergências das associações empresariais em relação ao plano tecnológico.
  2. Uma das medidas do governo é o visto automático para quadros altamente qualificados. Não sou contra esta medida, mas não é aí que está o problema. A realidade é que não há em Portugal oportunidades suficientes em termos de emprego científico e técnológico para os recursos humanos avançados que o país já tem e que continua a formar. A realidade é esta: um português depois de tirar o doutoramento opta por emigrar, ou, se já está emigrado, por continuar no estrangeiro. Não há muitas oportunidades em Portugal. Como é que o plano pretende inverter esta situação?
  3. Eu gostaria de saber se as pessoas que trabalham na área de I&D foram contactadas. Afinal este plano técnológico vai fazer-se com quem? Um dos problemas em Portugal é o da liderança nas empresas e institutos públicos que não está preparada ou sensibilizada para a I&D. Os líderes políticos e empresariais estão sensibilizados para o valor acrescentado que um recurso avançado pode oferecer a uma empresa ou instituto público? Há em Portugal pessoas em número suficiente para liderar os projectos ciêntifico/técnológico que o plano ambiciona?

domingo, novembro 20, 2005

Reacções a uma crónica desastrada

Eu até costumo gostar das crónicas do Miguel Sousa Tavares (MST). Mas a cronica da passada sexta-feira no Público foi um desastre (também aqui). De facto, no melhor pano cai a noda.

Pela Blogosfera lusa, inúmeras reações à crónica. Mas o texto que eu mais gostei é o da Fernanda Câncio no Glórial Fácil, especialmente na discussão sobre o exibicionismo — very good stuff!

Eu só quero acrescenter algumas coisas, a propósito de uma opinião expressa na crónica:
nunca descobri em mim, vários exames de consciência feitos, qualquer orientação sexual homofóbica, e fui seguramente dos primeiros a defender publicamente a total igualdade de direitos, incluindo o casamento, para os homossexuais. Só não defendo o direito à adopção, porque aí, mais uma vez, entendo que o direito deles não se pode impor ao direito das crianças adoptadas, cuja vontade não é lícito presumir. E eu não posso presumir que uma criança não se importe nem venha a sofrer pelo facto de ser criada por duas mães ou dois pais.

A minha resposta envolve uma breve história. Em Londres, conheci um neo-zelandês que antes de chegar ao Reino Unido tinha estado na India, em Calcutá se não me falha a memória, e vinha de lá um pouco chocado. Falou-me de inúmeras crianças abandonadas e que o transito era tão caótico e as pessoas tão insensíveis que era frequente estas crianças serem atropeladas enquanto mendigavam à beira da estrada. Disse-me que assistiu a uma situação destas e que ficou chocadíssimo porque o cadáver da criança atropelada foi deixado na beira da estrada e que as pessoas passavam como se nada tivesse acontecido. Ele tinha conhecido uma americana que se tinha afeiçoado a uma destas crianças e que, quase em desespero, se dirigiu às autoridades para a adoptar. As autoridades perguntaram-lhe se ela era casada, ao que ela respondeu que não. E como não era casada não podia adoptar a criaça, pois, alegavam as autoridades, a lei não permite, e a lei está certa pois uma mulher que não é casada não tem maturidade nem valores para educar uma criança. Ela respondeu qualquer coisa como: "Eu não tenho valores para dar a esta criança porque não sou casada? Mas que valores ou perpectivas de futuro vocês oferecem a esta criança? Ser atropelada por um carro?"

No contexto português, apetece-me fazer as mesmas perguntas ao MST. Que futuro e que valores oferece o estado português a uma criança abandonada? Ir parar ao instituto casa Pia? O melhor é nem dizer mais nada. Creio que uma criança preferia ser acolhido por um casal homosexual do que viver num desumano orfanato. Uma criança educada por um casal homosexual não será necessariamente homossexual (e mesmo que fosse qual é o problema?), as coisas não são assim tão simples. Mas acho, sinceramente, que um sensível casal homossexual pode dar uma melhor educação a uma criança do que um orfanato ou um insensível casal heterosexual.

quinta-feira, novembro 17, 2005

Our lives in the hands of Walmir

Today on BBC2, the programme This World gave a story on the fight against deforestation in the Amazon forest. IBAMA, the brazilian environment agency, and, in particular, one of its leaders, Walmir de Jesus, are having a tough fight against local mafia, which makes huge profits out of selling illegal timber.

It is a hard work that of Walmir who puts his life at stake every day. He fights powerful economic interests and a culture of illegality, arrogance and prevarication. But as Walmir showed in the programme, there are alternative and sustainable ways to explore the forest and which do not involve massive deforestation. Walmir is a hero of our time. In the programme on TV, Walmir demonstrated determination, but also an amazing polical ability; he knows that he is fighting a cultural problem, so he never stops to dialogue with those that prevaricate. Maybe it is this remarkable political ability that is keeping him alive.

More stuff on amazon deforestation and illegal logging here.

Nuno e Chiara.

Eleições, Democracia e Legitimidade Democrática

Muito provavelmente, não votarei nas próximas eleições presidenciais. As razões porque não posso votar, assim como não pude votar nos dois últimos actos eleitorais, já as deixei aqui. Aqui no Reino Unido pode-se votar por via postal, e pode-se delegar o voto noutra pessoa. No Reino Unido, também não é o eleitor que tem que pedir para votar, mas é o sistema que o encontra e lhe solicita que exerça o seu direito de voto. Esta preocupação dos britânicos em ouvir as pessoas, seja de que forma for, é simplesmente o respeito pelo princípio da legitimidade democrática. Pode-se-lhes críticar muita coisa, mas a verdade é que os Britânicos dão lições de cultura democrática a muita gente. Esta obrigação do voto presencial em Portugal, numa altura em que as pessoas viajam cada vez mais, é mais uma daquelas coisas absurdas, como tantas outras, que existem em Portugal.

Recentemente, Tony Blair teve a maior derrota política desde que é primeiro ministro. Uma proposta de lei que prupunha detenção de suspeitos terroristas até 90 dias sem qualquer julgamento, foi rejeitada com os votos contra de um número substancial de deputados trabalhistas e conservadores, e de todos os deputados do partido liberal. Muitos dos deputados trabalhistas que votaram contra justificaram o seu voto alegando que aquela lei viola príncipios fundamentais de um estado democrático: como o da presunção da inocência e o habeas corpus. Pensei: isto em Portugal seria impossível, a disciplina partidária nunca permitiria uma situação destas. Em Portugal os deputados obedecem exclusivamente ao seu partido e devem agradar aos lideres partidários que são quem os pode colocar em lugar elegível nas listas de futuros actos eleitorais; agradar às pessoas que os elegeram é para os deputados portugueses secudário. Manuela Ferreira Leite, a propósito do orçamento de estado de 2006 disse que que não via razões para votar nesta matéria contra o governo, a menos que a disciplina partidária a obrigasse a isso.

Mas no Reino Unido é diferente. As coisas são mais complexas, os deputados sabem que devem respeitar a comunidade que representam e não apenas os interesses do seu partido, são mais independentes. Se um grupo parlamentar deseja o voto de um deputado para uma lei mais polémica, deve argumentar com ele e tentar convençê-lo. Mas a situação em Portugal é absolutamente absurda, os deputados são obrigados a votar num determinado sentido. E a democracia, aonde está?

quarta-feira, novembro 16, 2005

Tanta coisa

Não temos escrito muito ultimamente. É que neste tempo em que as folhas das árvores foram caindo, deixando-as quase desnudas (zzz), aconteceu tanta coisa.

Para começar mudámos de casa. Estamos a viver noutra zona de Iorque: mudámos de gate. E quem não conhece Iorque não sabe o que eu estou para aqui a dizer — o que é gate? Eu explico: Iorque é uma cidade mediaval e muralhada, noutros tempos as entradas para a cidade efectuavam-se exclusivamente por entradas epecialmente designadas para o efeito que se chamam "bar", e que dão acesso a uma rua, dentro das muralhas da cidade, que se chama "gate" (the gate leading to the bar). Bom, eu sei que é um pouco confuso, é que o bar deveria ser gate, mas o inglês do tempo mediaval não era exactamente igual ao de hoje. Antes viviamos em Lawrence Street, que fica defronte ao Walmgatebar que dá para Walmgate, agora vivemos dentro das muralhas da cidade, em Skeldergate. Mas para evitar mais confusões, o melhor mesmo é deixar algumas imagens (clique para aumentar). Como o Walmagatebar visto da Lawrence Street:



A cidade de Iorque e o rio Ouse (que transborda um pouco nesta foto) vistos da ponte skeldergate.

E a ponte Skeldergate (Skeldergate bridge):



E depois da mudança, há já um mês atrás, só agora me transferiram a ligação à Internet. Posso, enfim, escrever posts a partir do conforto do lar, e quicá, caso a vontade o permita, mais assiduamente. Nestes dias cada vez mais frios, para estímular o intelecto e combater o tédio, o melhor mesmo é blogar. Caro leitor: por favor comente!

terça-feira, novembro 01, 2005

O terramoto de lisboa foi há 250 anos



No dia 1 de Novembro de 1755, ocorreu o
terramoto de lisboa. O terramoto abalou não só a cidade e as sua gentes, mas também filósofos e teólogos europeus: como explicar esta manifestação de uma pretensa ira de Deus? Em particular, o terramoto teve alguma influência no pensamento iluminista, e o filósofo Francês Voltaire até escreveu um poema dedicado ao terramoto de Lisboa (aqui) que é interessante porque foca precisamente esta questão da pretensa ira de Deus. Afinal, Deus estaria zangado com quê? Mesmo que Deus estivesse zangado com qualquer coisa, porquê antingir crianças e tanta gente inocente?