sábado, novembro 26, 2005

Sobre a influência política da Igreja

Vasco Pulido Valente manifestou ontem no Público a sua opinião sobre a decisão do vaticano de proibir a ordenação de padres homossexuais e a discussão que se levantou sobre esta matéria na semana passada em Portugal. Vasco Pulido Valente escreve:

(...) A Igreja, se goza ainda de certos privilégios, já não domina a política e a sociedade em Portugal. O que ela aprova ou desaprova já não determina ou influencia ninguém, ou quase ninguém. É uma entidade privada, com a sua lei e os seus fiéis, que aceitou cordatamente o "semiliberalismo" do regime e não incomoda ou se tenta impor ao cidadão comum.


Isto é verdade só até certo ponto. A realidade é que a igreja católica continua a ter muita influência política. Especialmente, como diz Miguel Vale de Almeida, quando a igreja dita um certo moralismo na sociedade que os seus fieis passam a seguir como dogma; exemplo: o direito à vida. Não sejamos inocentes, como o referendo do aborto de 1998 veio demonstrar, a Igreja ainda tem em Portugal uma influência enorme. E não é só em Portugal. Em Itália, num recente referendo sobre fecundação assistida, a igreja apelou aos seus fieis para não votarem no referendo; da última vez que me desloquei a Itália encontrei numa igreja o cartaz que está na foto (diz: "a vida não pode ser votada"). A verdade é que lei colocada em referendo não foi aprovada por um número suficiente de votos; segundo os analistas, isto não teve exclusiviamente a ver com o apelo da igreja em Itália, mas a verdade é que a sua influência.


O que a igreja "aprova ou desaprova já não determina ou influencia ninguém, ou quase ninguém" — yeah right!