sábado, fevereiro 11, 2006

Power is the enemy of free speech

From of a letter to the The Independent, published today:

Power is the enemy of free speech

Sir: Both Johann Hari and Adrian Hamilton's columns (9 February) were important contributions to the current debate about free speech vs religious sensitivity in our beleaguered times.

When English PEN celebrated the House of Commons vote (31 January) in favour of the Lord's amendments to the Racial and Religious hatred Bill, we recognised that this was not only a victory for us but for the intricate processes of parliamentary democracy so dependent on that very freedom.

However, we knew, in Philip Pullman's words, that there would be "a continued need for vigilance": power, whether religious or secular, is always jealous, hates ridicule and any representation of itself that it doesn't control.

The problem in the west today is that we (and that "we" includes people of all faiths and none) are unwilling to think of religion as a cloak for power. We collude in seeing its symbols either as signs of holiness or, in migrant groups, as a comfort for the very humiliations of poverty and lack of belonging that the host society inflicts. If the Danish cartoons were offensive, it was because they targeted an immigrant group in a stereotypical way. The sense of humiliation they felt is better dealt with by addressing social problems. Religious leaders would do better to provide help for the community at home than to seek solace in jihadist movements abroad.

The reason free speech is crucial is that its opponent is most often power - whether the soft British state, Hitler's totalitarian one, the Catholic Church or Islamic orthodoxies, which in their own states are quick to lock up dissidents of all kinds.

Powerful institutions use different arguments against free speech - "national security", "multicultural harmony", "sacrilege" or "blasphemy" - but all these attempts to limit free speech are in the service of power, not of the higher values behind which they parade. It is in the interest of our plural democracies that as long as expression does not directly incite violence, it be kept free. Better to suffer the occasional offence than the full force of religious or state oppression.

LISA APPIGNANESI

DEPUTY PRESIDENT, ENGLISH 'PEN' LONDON N19


Contraditório, não?

Respeito, sinceramente, as pessoas que são religiosas. Tento (mas nem sempre consigo) conhecer bem alguém antes de fazer juízos. Ainda para mais, quando pessoas influentes na história do pensamento moderno, como o filósofo René Descartes, considerado o pai do racionalismo, são religiosas. Mas será que a religião, pelo menos nos moldes actuais, não é cada vez mais um problema? Não falo especificamente deste episódio das caricaturas de Maomé. Mas, numa altura em que o conhecimento científico assume cada vez mais importância e que devemos ser habituados a questionar, que sentido faz a religião que nos ensina a acreditar sem questionar? Contraditório, não?

O nosso blogue faz hoje um aninho

Pois é, o "O Blogue do Nuno e da Chiara" faz hoje um aninho. Obrigado a todos aqueles que nos visitaram, participaram nas discussões lançadas pelos nossos textos, e nos lincaram. O blogue segue dentro de momentos...

quarta-feira, fevereiro 08, 2006

Eu agora sou Espanhol

Como é sabido não havia necessidade nenhuma do D. Afonso Henriques se ter zangado com a mãe. Essas coisas resolvem-se com o diálogo. A verdade é que por causa de uma desavença familiar, nasceu esse país ridículo e insustentável chamado Portugal. Eu sou mais uma vitima dessa desavença familiar com já quase 900 anos, porque sou português. E eu já não aguento mais. Por favor tirem-me daqui. EU NÃO QUERO SER PORTUGUÊS. Isto de ser português é um fardo, ou como cantava a Amália é "o meu triste fado". A última, então não é que o ministério dos negócios estrangeiros decidiu condenar as caricaturas de maomé que apareceram na imprensa. Caros leitores, ouviram bem, decidiu mesmo condenar. Nem o governo Dinamarquês, que está sob o fogo dos fundamentalistas islâmicos, se atreveu a tanto. Diz o nosso ministro, desculpem, meu não o vosso, Prof. Freitas do Amaral, que "a liberdade sem limites não é liberdade, mas licenciosidade". Isto da "licensiosidade" merece uma ida ao dicionário da Priberam, pois é "libertinagem, devassidão" (Eu realmente toda a vida fui um devasso). Diz ainda o homem: "Todos os que professam essas religiões têm direito a que tais símbolos e figuras sejam respeitados. O que se passou recentemente nesta matéria em alguns países europeus é lamentável porque incita a uma inaceitável ‘guerra de religiões’"

Exactamente, professor. E esses que professam essas religiões também têm o direito de destruir embaixadas, condenar escritores à morte (como Salman Rushdie), ameaçar de morte jornalistas, e instigar a violência e o ódio por causa da religião.

Já chega de tanta vergonha. Eu agora sou Espanhol, ou melhor: "ahora soy español. Y viva la España."

segunda-feira, fevereiro 06, 2006

Da polémica das caricaturas

Vai chegando mais informação sobre a polémica das caricaturas. Por detrás da publicação das caricaturas no jornal dinamarquês, Jyllands-Posten, poderão estar motivações islamofóbicas. Os chamados moderados já vêm a correr a criticar aqueles que republicaram os cartoons do jornal dinamarquês.

É importante referir que republicação das caricaturas surgiu em resposta à intimidação ao direito da liberdade de expressão. Após a publicação das caricaturas de Mahomad no jornal dinamarquês, várias embaixadas de países arabes queixaram-se directamente ao primeiro-ministro dinamarquês (ao que este respondeu que nada podia fazer). Alguns destes países encerraram as suas embaixadas em Copenhaga. Várias ameaças de morte e protestos violentos. Tudo culmina, após várias republicações, no assalto e destruição de embaixadas dinamarquesas em vários países com populações maioritariamente muçulmanas. Ora, quem se sente ofendido com alguma coisa deve-se queixar aos tribunais, ou então faz um protesto pacífico. Aquilo que se tem passado é inaceitável.

Considero que ambas as escolhas do dilema "republicar ou não republicar" são válidas. Aqueles que republicam consideram que o direito da liberdade de expressão não pode ser silenciado com actos de initimidação e tentam informar o público sobre a causa de tanta ofensa. Aqueles que não publicam consideram que republicar é agravar a ofensa e o conflito. Mas o que me irrita mesmo são aqueles que não tomam posição e querem ficar bem com deus e com diabo. José Manuel Fernandes, no editorial do público da passada sexta-feira, pirosamente intitulado "O limite do bom senso", escreveu:

[...] Naturalmente que quando se lida com convicções religiosas a linha do que é ou não publicável se torna muito mais fina e difícil de determinar. Exige mais sensibilidade, requer maior capacidade para resistir à tentação fácil do sensacionalismo voyeurista e à curiosidade alarve do público. [...] Neste quadro, e face ao debate em torno dos cartoons encomendados por um jornal dinamarquês, o PÚBLICO reproduz alguns deles, para que os leitores possam tomar conhecimento do que se está a discutir, mas não entende que tenha qualquer obrigação de repetir a "provocação" por "solidariedade". Sente, isso sim, que da mesma forma que não se podem aceitar quaisquer limites à liberdade de expressão, se deve cultivar a responsabilidade na utilização dessa liberdade."
Isto é que não é nada. Porque se o Público considera a republicação das caricaturas uma provocação, então deve ser, nas palavras do seu director, "responsável" e não as publicar. Como fez o Independent aqui em Inglaterra. Se as república não se põe com estas falinhas de merda; a dizer que é mais santo que os outros e que publica as caricaturas porque, afinal, não aceita "limites à liberdade de expressão" e não por "provocação ou solidariedade" e que se "deve cultivar responsabilidade na utilização dessa liberdade." Entre os jornais que aderiraram à iniciativa da republicação descomplexada, estão jornais de referência internacional, como o El Pais e o Le Monde, que, em termos de qualidade, deixam o virtuoso Público a quilómetros de distância.

domingo, fevereiro 05, 2006

The irony of satire