10 anos de atraso
É sempre um problema estimar a duração de um projecto. Surgem sempre pequenas coisas, que não estavam previstas no plano inicial, e que fazem com que o projecto se atrase; é difícil prever tudo. Começa-se com uma estimativa optimista que é, ao mesmo tempo, moralizadora, uma espécie de ilusão salutar, como tantas que vamos descortinando ao longo das nossas vidas. As grandes obras chegam a ter atrasos de um, dois, no máximo três anos. Mas o prolongamento da linha azul do metro de lisboa ao terreiro do paço e a Santa Apolónia vai ter (de acordo com actual estimativa) 10 anos de atraso em relação ao inicialmente previsto. Isto, claro, acompanhado de uma derrapagem financeira que eu não sei quanto é, mas que suspeito que seja mesmo muito. Sinceramente, por muito paciente e compreensivo que eu seja, acho que é um pouco demais. Como diria o Hamlet: "Algo está podre no Reino da Dinamarca."
Convém recordar a história desta obra. No dia 9 de junho de 2000, ocorreu um aluimento de terras que pôs em causa a segurança da infra-estrutura. Esse aluimento teve origem num furo efectuado durante a obra. Depois disso, foi necessário proceder ao reforço do túnel. As conclusões do tribunal de contas em relação a este acidente foram as seguintes (aqui e aqui):
Convém recordar a história desta obra. No dia 9 de junho de 2000, ocorreu um aluimento de terras que pôs em causa a segurança da infra-estrutura. Esse aluimento teve origem num furo efectuado durante a obra. Depois disso, foi necessário proceder ao reforço do túnel. As conclusões do tribunal de contas em relação a este acidente foram as seguintes (aqui e aqui):
- Os trabalhos de perfuração começaram sem a aprovação prévia do dono da obra e da fiscalização, e o facto de não haver nenhum documento onde se definisse a profundidade dos furos ou que referisse os riscos de entrada de água e solo no túnel.
- A falta de maturidade e rigor posta na elaboração dos projectos contribuiu para o deslizamento dos prazos e dos encargos com os processos de empreitadas, bem como com a respectiva fiscalização.
- Outro dos problemas está no critério de avaliação das propostas da maioria das empreitadas lançadas pelo ML que privilegiam o preço e o prazo de conclusão da obra, em detrimento da mais valia das soluções técnicas.
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