Show Mário
Antes que fique contaminado com as opiniões sobre o debate Soares vs Cavaco que irão surgir na imprensa, o melhor é deixar aqui as minhas impressões.
Gostei muito do debate e da prestação de Mário Soares. O debate era obviamente apetecível: frente a frente estariam duas figuras marcantes da história mais recente de Portugal. E, quanto a mim, não defraudou as expectativas: foi de facto interessante. Mário Soares percebeu muito bem aquilo que tinha a fazer. Bebeu o elíxir da eterna juventude e partiu para o confronto: vamos lá a acabar com este mito chamado Cavaco, e, já agora, vamos também acabar com esta coisa muito portuguesa da aversão ao confronto — debate político sem confrontação?
Mário Soares esteve muito bem na desmistificação dos 10 anos de governação cavaquista. Afinal, Cavaco sempre governou em condições económicas favoráveis, e nunca fez, como lhe é criticado, nenhuma das reforma substanciais que hoje são consideradas essenciais; teve as condições ideais para o fazer, mas não o fez. A colagem do problema do deficit das contas públicas ao governo de Guterres é falaciosa, afinal o deficit comçou com os governos de Cavaco, quando, afinal, existiam condições favoráveis para o manter sobre controlo. No fundo, ao governo de Cavaco sempre faltou uma ideia de pais, a governação até poderá ter sido rigorosa, porventura mais rigorosas que as anteriores, mas a estratégia, essa, sempre faltou. Cavaco sobre isto disse muito pouco.
Mas sobretudo gostei do estilo de Soares. Partindo para o confronto sem ser demasiado agressivo, mantendo o charme, Mário Soares fazia o que tem que ser feito, confrontando o sonso Cavaco em matérias sensíveis. Deixa aqui o exemplo para outro políticos mais jovens — simplesmente notável. O mais provavél é não ganhar as eleições e nem sequer ir à segunda volta, mas Mário Soares, com os seus 80 anos, contribui para um debate presidencial mais interessante e animado.
Gostei muito do debate e da prestação de Mário Soares. O debate era obviamente apetecível: frente a frente estariam duas figuras marcantes da história mais recente de Portugal. E, quanto a mim, não defraudou as expectativas: foi de facto interessante. Mário Soares percebeu muito bem aquilo que tinha a fazer. Bebeu o elíxir da eterna juventude e partiu para o confronto: vamos lá a acabar com este mito chamado Cavaco, e, já agora, vamos também acabar com esta coisa muito portuguesa da aversão ao confronto — debate político sem confrontação?
Mário Soares esteve muito bem na desmistificação dos 10 anos de governação cavaquista. Afinal, Cavaco sempre governou em condições económicas favoráveis, e nunca fez, como lhe é criticado, nenhuma das reforma substanciais que hoje são consideradas essenciais; teve as condições ideais para o fazer, mas não o fez. A colagem do problema do deficit das contas públicas ao governo de Guterres é falaciosa, afinal o deficit comçou com os governos de Cavaco, quando, afinal, existiam condições favoráveis para o manter sobre controlo. No fundo, ao governo de Cavaco sempre faltou uma ideia de pais, a governação até poderá ter sido rigorosa, porventura mais rigorosas que as anteriores, mas a estratégia, essa, sempre faltou. Cavaco sobre isto disse muito pouco.
Mas sobretudo gostei do estilo de Soares. Partindo para o confronto sem ser demasiado agressivo, mantendo o charme, Mário Soares fazia o que tem que ser feito, confrontando o sonso Cavaco em matérias sensíveis. Deixa aqui o exemplo para outro políticos mais jovens — simplesmente notável. O mais provavél é não ganhar as eleições e nem sequer ir à segunda volta, mas Mário Soares, com os seus 80 anos, contribui para um debate presidencial mais interessante e animado.
4 Comments:
Até concordo contigo na maior parte do que dizes. Foi, sem dúvida, o debate mais interessante de todos. Vá lá, até gostei de ver o Sr.Professor a interromper o Sr. Dr., ou seja, lá abriu o olhito e deu uma ar de si. Agora, isto é como tudo: Prognósticos? É no fim do jogo...
Mas numa coisa terás de concordar... Não sei como é que foram as audiências ontem, mas com a TVI a badalar o mistério da morte do António e o final de NINGUÉM COMO TU, com a SIC a badalar o Roberto Carlos, com a Sport TV a transmitir o Sporting-Rio Ave... Oh meu amigo, a coisa não foi fácil! Ver um debates destes sem zapping já era obra, e com o assédio da concorrência, oh oh!
Bjs
Achei o debate electrizante, e Mário Soares em perfeita forma. Poucos lhe chegam aos pés aos 80 anos. Contudo, não sei se aquele ar de coitadinho que não quer confrontos do Cavaco não lhe terá valido mais alguns votos. Confesso que me senti incomodado com alguma agressividade do Soares, e com o facto de se referir permanentemente ao adeversário como "ele" ("ele fez isto", "ele pensa aquilo") e não o "Dr. Fulano fez ou disse aquilo", como fez o seu adversário. Algo assim perdoa-se-lhe, mas não deixa de cair mal por estas paragens...
Eva e Milan, Obrigado pelos vossos comentários.
Bem, é de facto interessante, pois eu não achei que o Soares estivesse a ser agressivo, e nem notei o excessivo uso do "ele". Deve ser porque estou habiatuado a ver debates em inglaterra, aonde dr e professor nunca se usam.
Sinceramente, acho que temos que nos deixar dessas merdas. Mal-criado só porque usa "ele" em vez de "dr" ou "prof"?
"Sinceramente, acho que temos que nos deixar dessas merdas. Mal-criado só porque usa "ele" em vez de "dr" ou "prof"?"
:))
Não podia estar mais de acordo, mas, enfim, a vida por cá é o que é. A primeira vez que vi um debate no parlamento britânico reparei precisamente nosso - como o Blair se referia ao líder da oposição como "He did this, He did that". No Português do Brasil isso também me parece comum, mas por lá até se põem a cantar para os telespectadores, como vi acontecer recentemente com um dos deputados federais envolvidos no "Mensalão" :))))
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