terça-feira, setembro 06, 2005

Será que o governo acordou?

Parece que o governo português acordou (finalmente). Falo do problema dos incêndios florestais. É que o governo tomou algumas medidas que, pelo menos, alimentam a esperança: nos próximos anos talvez as coisas venham a ser diferentes.

Depois do Ministro António Costa, defender o desenvolvimento de um avião de combate a incêndios, em parceria com os franceses (aqui). Que até pode ser um projecto interessante, mas não é aí que está o problema. Depois do nosso PR (cada vez mais gagá) , ter proposto a limpeza coerciva das florestas por parte dos proprietários (aqui). Os dados mais recentes vêm confirmar que também não é aí que está o problema: afinal, mais de um quinto da área ardida é de propriedade do estado.

Mas finalmente, dizia eu, o governo decidiu tomar medidas que talvez invertam o rumo das coisas (aqui). A mais relevante das medidas, já saudada pela associação nacional de bombeiros profissionais, é a criação de um corpo profissional especializado no combate aos incêndios florestais (aqui). Quando os incêndios de Portugal eram notícia por essa europa fora, lembro-me de ter dito à Chiara (que é Italiana): que o serviço de bombeiros em Portugal é baseado no voluntariado, que a maioria dos bombeiros que combatem o incêndios em Portugal estão mal preparados, e que são muito poucas as corporações de bombeiros profissionais em Portugal. Ela nem queria acreditar; disse-me qualquer coisas como: "não admira que Portugal esteja a arder daquela maneira". Aqui no Reino Unido todas as corporações de bombeiros são profissionais. Em Itália, a maioria das corporações também são profissionais. Os bombeiros destas corporações, como os poucos bombeiros profissionais de Portugal, são bem preparados para o combate aos incêndios.

Esta medida alimenta a esperança, mas fica a sensação que ainda há muito por fazer. Por exemplo: porque não tentar tornar rentável a floresta portuguesa? Esta medida pode contrubuir para a sustentabilidade da floresta. A sociedade portuguesa está cada vez mais urbana; as pessoas vivem afastadas da natureza, e nos seus tempos livres têm necessidade do contacto com a mesma. Não se trata de fazer da floresta um produto de marketing, mas sim fomentar o interesse e respeito das pessoas pela natureza, e fomentar, também, o seu usofruto.

Portugal tem um excelente património florestal (ou tinha?). Há que incentivar o uso deste património pelas pessoas; se for bem feito, pode ajudar a manter a floresta limpa.